Navegando por sites de ciências encontrei um experimento bem interessante e simples de fazer, que pode ser utilizado para pesquisar a presença de microorganismos nos diversos ambientes.
O experimento foi postado por Raquel Silva no site http://www.pontociencia.org.br. O material para o experimento pode ser encontrado em supermercados e farmácias, custa entre 10 e 25 reais, nível intermediário de dificuldade e requer cuidados básico de segurança. Vamos lá!
Introdução
Os microorganismos (fungos, bactérias e vírus) são chamados assim por terem um tamanho bastante reduzido. Eles são tão pequenos que não conseguimos enxergá-los a olho nu, mas apenas utilizando microscópio óptico ou eletrônico. No entanto, colônias ou aglomerados de microorganismos podem ser visualizados sem o auxílio de microscópios ou lupas. A seguir apresentamos passo a passo um experimento que pode ser utilizado para pesquisar a presença de microorganismos nos diversos ambientes.
Colonia de Fungos
Materiais necessários
- Placas de Petri esterilizadas
- Liquidificador
- Fita indicadora de pH ou solução de azul de bromotimol
- Peneira
- Colher, espátulas
- 1 frasco de vidro grande (volume de cerca de 250 ml)
- Um frasco de vidro médio (volume de cerca de 50 ml)
- 4 Frascos de vidro médio (volume de cerca de 50ml)
- 3 Conta gotas (descartáveis podem ser comprados em farmácias)
- Algodão hidrofóbico
- Papel craft
- Fita crepe
- 30 ml de água filtrada
- 2% (4 gramas) de agar comercial
- Duas cenouras médias
- Nota de dinheiro
- Panela de pressão ou autoclave para esterilizar os materiais
- Alça de vidro, ou algum material para espalhar líquido no meio que possa
ser passado no fogo
Alça de Vidro
Fita indicadora de pH
Passo 1
Preparação do meio de cultura agar-cenoura
Cozinhe duas cenouras e bata no liquidificador com 100 ml de água. Passe a mistura na peneira para separar a parte líquida.
Passo 2
Filtre a mistura com um papel de filtro ou uma gaze dobrada. Adicione 4 gramas de Agar comercial e misture.
Passo 3
Complete o volume para 200 ml e meça o pH (você pode usar uma fita indicadora ou uma solução de azul de bromotimol). Ele deve estar em torno de 7,0. Caso não esteja, ajuste o pH utilizando gotas de limão (solução ácida) ou solução de bicarbonato de sódio (solução básica). Tampe o frasco com uma rolha de algodão hidrofóbico e coloque um pedaço de papel craft por cima.
Passo 4
Preparo do material
A partir desse passo os materiais (placas de Petri e meio de cultura, frascos de vidro, espátulas, conta gotas) devem estar livres de microorganismos, ou seja, estéreis.
Embrulhe as placas de Petri, as espátulas, palitos de picolé, conta gotas, frascos de vidro com papel craft. Autoclave também um dos frascos com aproximadamente 30 ml de água e tampe-o com papel craft.
Autoclave todo o material e o meio de cultura durante 15 minutos (para aprender a autoclavar consulte o experimento Esterilizando com uma panela de pressão).
IMPORTANTE: Ao utilizar uma autoclave pela primeira vez, peça a alguém que já tenha experiência com este aparelho para te acompanhar.
Passo 5
Coleta dos materiais a serem testados
Nesse experimento pesquisamos a presença de microorganimos em amostras de terra, de água de lago, de água de torneiram, em dinheiro e no ar.
Dissolvemos a terra (aproximadamente uma colher de chá) na água autoclavada.
Passo 6
Coletamos as duas amostras de água diretamente nos frascos autoclavados.
Passo 7
Escolha os ambientes e materiais a serem testados, colete as amostras e mãos a obra! Limpe e prepare o local onde será feito o procedimento. Identifique as placas com as respectivas amostras e adicione ainda uma. placa fechada, como controle.
Mantenha uma chama acesa (pode ser uma lamparina, ou bico de bunsen) para evitar contaminação do meio de cultura com fungos e bactérias do ar. Distribua o meio de cultura nas placas de Petri. Se o meio de cultura estiver sólido utilize banho maria ou micro ondas para fluidificá-lo.
Coloque aproximadamente 20 ml de meio de cultura dentro de cada placa de Petri.
Deixe as placas próximas do fogo até que o meio se solidifique.
Passo 8
Com o conta gotas coloque em cada placa duas ou três gotas das amostras líquidas a serem testadas. Flambe a alça de vidro no fogo e a esfrie, encostando-a no canto da placa. Utilize a alça para espalhar o líquido sobre o meio, e feche imediatamente a placa.
Flambar a alça de vidro
Espalhar com alça
Passo 9
Se você for pesquisar a presença de microorganismos em algum objeto, passe-o com cuidado sobre o meio de cultura, como fizemos neste experimento com o dinheiro. Cuidado para que seus dedos não encostem no meio de cultura.
Para pesquisar a presença de microorganismos no ar ambiente, basta deixar a placa aberta durante aproximadamente 5 minutos.
A placa identificada como controle não receberá qualquer amostra e nem mesmo deverá ser aberta.
Passo 10
Todas as placas devidamente identificadas devem ser deixadas viradas para baixo a temperatura ambiente.
Passo 11
Resultados
Observação com 24 horas
Placa água de torneira
Placa água de lago
Placa terra
Placa dinheiro
Placa ar
Placa controle
Passo 12
Observação com 48 horas
Placa água torneira 48 horas
Placa água lago 48 horas
Placa terra 48 horas
Placa dinheiro 48 horas
Placa ar 48 horas
Placa controle 48 horas
Passo 13
Observe a diferença entre colônias cremosas e filamentosas
As colônias de aspecto cremoso e brilhante são colônias de bactérias. Já as colônias filamentosas apresentam aspecto aveludado e são colônias de fungos. Elas são constituídas fundamentalmente por elementos multicelulares denominados hifas.
Colônia cremosa
Colônias filamentosas
Passo 14
Observações com 5 dias
Placa água torneira 5 dias
Placa água lago 5 dias
Placa água terra 5 dias
Placa água terra 5 dias
Placa dinheiro 5 dias
Placa dinheiro 5 dias
Placa ar 5 dias
Colônias cremosas (bacterianas) e filamentosas (fúngicas)
Passo 15
O que acontece
Os microorganismos estão presentes na água (mares, rios, lagos e água subterrânea) no solo, no ar, nos animais (pele, mucosas, tubo digestório), nas plantas, em ambientes extremantes ácidos ou pobres em nutrientes tais como água destilada e também em alguns alimentos que consumimos. Em todos esses ambientes os microorganismos têm papel fundamental para manutenção do equilíbrio biológico. Felizmente, a maioria dos microorganismos não faz mal ao homem, porém existem aqueles que são considerados potencialmente patogênicos que podem causar danos aos hospedeiros.
A ubiqüidade dos microorganismos, ou seja, a capacidade de habitar uma gama enorme de ambientes se deve basicamente a três fatores: o tamanho reduzido, que possibilita a dispersão; a variação e flexibilização metabólica existente no grupo que permite se adaptar rapidamente às condições ambientais; e a sua grande capacidade de transferência horizontal de genes. Transferência gênica horizontal é uma maneira que os microrganismos têm de trocar material gênico. A transferência vertical é a que acontece entre o indivíduo e sua prole (seus “filhos”). Já na transferência horizontal o organismo recebe um fragmento de DNA ou RNA de outro organismo que não é seu antecedente. Esse processo é importante, pois a aquisição de material gênico aumenta as chances de adaptação do microorganismo a diferentes condições ambientais. Por exemplo, no fragmento de DNA recebido podem existir genes que conferem resistência a algum antibiótico ou a altas temperaturas.
Por todos esses motivos é possível observar crescimento de colônias bacterianas e fúngicas em placas inoculadas com amostras de diferentes ambientes.
Passo 16
Para saber mais
Um pouco de história...
Em 1674 o holandês Antony van Leeuwenhoek (1632 - 1723) criou o primeiro protótipo de microscópio. Foi ele quem observou pela primeira vez organismos móveis, não vistos a olho nu, em gotas de água, fezes, material removido dos dentes – os micróbios!.
Em 1857 o químico francês Louis Pasteur (1822 -1895) mostrou que a presença de organismos microscópicos do ar atmosférico era a fonte da ‘contaminação’ dos meios de cultivo em contato com o ar. Os frascos que não estavam expostos ao ar permaneciam estéreis enquanto que os expostos, após algum tempo, entravam em putrefação. Ele também desenvolveu o processo de pasteurização (aquecimento e resfriamento) para a eliminação de microorganismos.
Ao contrário de muitos cientistas do século XIX, o médico alemão Robert Koch (1843 - 1910), acreditava que algumas doenças pudessem ser causadas por microorganismos. Depois de vários estudos, Koch descobriu que o agente causador do carbúnculo (doença que estava dizimando o gado na Europa), era uma bactéria em forma de bastão. Em 1882, ele descobriu o bacilo da tuberculose, denominado de bacilo de Koch.
Finalmente, em 1928, é descoberto o primeiro antibiótico, a penicilina, pelo escocês Alexander Fleming (1881 - 1955). Ele observou que em algumas placas contaminadas com bolor (fungo) as bactérias não cresciam. É que o fungo ali presente (Penicillium notatum) produzia a penicilina, substância capaz de inibir crescimento de outros microorganismos.
Desde então muitas descobertas foram feitas sobre os microorganismos. Hoje em dia nós sabemos que eles são importantes em vários campos da biotecnologia, incluindo a produção de alimentos, o uso de transgênicos na agricultura, e até no controle agroecológico de pragas e doenças.
Referências Bibliográficas